sábado, 22 de janeiro de 2011

Atenção às pegadinhas. A malandragem corre solta nas salas de bate-papo

 

Nem passar a tarde viajando em sites de sexo, nem fazer a lição de casa. Conhecer pessoas é a principal utilidade da internet para os adolescentes brasileiros. "Conhecer" é força de expressão. É freqüente que amigos e namorados pontocom assumam, num primeiro momento, identidades inventadas.Quando tinha 15 anos, Fernando Machado, estudante do ensino médio, fingiu ser quatro anos mais velho e disse que estudava direito para impressionar Elizabete Brandão, na época com 17. Chegou a discorrer, por e–mail, sobre pretensas aulas de ética e cidadania. A mentira não impediu que o relacionamento virtual de Elizabete e Fernando evoluísse para um namoro de três meses na vida real. Hoje são amigos. "Nosso papo batia. Na internet, você conhece primeiro o interior da pessoa e só depois vai conhecer o exterior", teoriza Elizabete. Para impressionar Daniele Siqueira, de 17, o estudante Rafael Gonçalvez, de 18 anos, chegou a inventar que possuía um grupo de pagode e que tinha experiência amorosa. "Se eu dissesse que nunca havia namorado, ela ia pensar: 'Se ninguém quer, por que eu vou querer?'." O casal está junto há um ano e dois meses.

Segundo os psicólogos, a amizade pontocom pode ser escola para futuros relacionamentos. "É uma maneira de o adolescente se envolver sem sofrer as conseqüências do mundo presencial", acha Ivelise Fortin de Campos, da clínica psicológica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Protegido pelo anonimato, o jovem se expõe mais. Conhecer gente através da internet é, em última análise, uma grande brincadeira. Só existe possibilidade de frustração quando o namoro ou a amizade passam para a esfera do real. Por isso, alguns adolescentes preferem evitar essa etapa. "Não sei se ele é bonito nem conheço sua voz", diz Karina Priscillo Campos, 16 anos, que há oito meses mantém uma amizade virtual com André Sugai, de 22. "Acho que é melhor assim, deixando um suspense no ar."

O golpe do advogado

Fotos Bruno Schultze

Fernando Machado, 18 anos, que fingiu estudar direito para impressionar Elizabete Brandão, de 20

O aplique do pagodeiro

Rafael Gonçalvez, 18 anos, que posou de
sambista para Daniele Siqueira, de 17

Os cuidados da internauta

Karina Campos, de 16 anos: melhor ficar no virtual


0 comentários:

Postar um comentário